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Xô preconceito

Bahia usará "número proibido"

28 jan 2020 | 17H33

O Esquadrão de Aço entrará em campo nas três partidas desta semana com um jogador vestindo a camisa 24. A situação não seria notícia se não estivéssemos no Brasil, onde o algarismo é motivo de chacota e um gatilho para a homofobia.

Hoje à noite, pela Copa do Nordeste, o volante Flávio abrirá mão do seu tradicional número 5 contra o Imperatriz-MA, pela Copa do Nordeste. Amanhã o meio-campista Ramon, camisa 10 do Time de Transição, enfrentará o Bahia de Feira assim, pelo Campeonato Baiano.

No “jogo do bicho”, criado em 1892, 24 representava o “numero do veado”, animal associado pejorativamente à homossexualidade. Historicamente, o número não conta nos uniformes de futebol masculino, numa manifestação implícita de discriminação.

A omissão não acontece só no futebol. Em 2015, o gabinete nº 24 foi suprimido no Senado Federal e transformado em 26 sem qualquer explicação. Ambiente predominantemente masculino, com baixa representatividade, o fato destacou a institucionalização do preconceito. Com a troca de mandato, em 2019, a sequência das salas retornou à numeração normal.

Em setembro de 2019, o Bahia divulgou manifesto a favor da igualdade e do respeito. “No panorama social, a homofobia nos estádios é apenas uma pequena expressão do que acontece fora deles. A homofobia mata, oprime, deprime e provoca muitas feridas. Talvez essa realidade explique o afastamento das pessoas LGBT do ambiente do futebol.”

O presidente Guilherme Bellintani explica o motivo do posicionamento tricolor e seu protagonismo social.

“O futebol é um canal que pode servir para acentuar o que há de pior na nossa sociedade, como o racismo, as agressões, a violência e a intolerância, mas também pode servir de uma forma diferente – para espalhar cultura, afeto, sensibilidade, melhoria das relações humanas. Achamos que os clubes têm de escolher se serão canais de amor ou ódio. Escolhemos o amor”.

A ação também serve como homenagem ao ídolo do basquete Kobe Bryant, falecido no domingo (26) em um acidente de helicóptero nos EUA. Ele atuava – se tornou uma lenda do esporte – com a camisa 24.

#NúmeroDoRespeito #BBMP

Agradecimentos especiais:
Vitor Menezes, Pedro Furtado, José Suaid, Breno Balbino e Agência África.