Notícias

Bahia perde Titio Fantoni

Um dos maiores técnicos da história do Tricolor morreu nesta quarta-feira, de enfisema pulmonar.

05 jun 2002 | 16H45

O Bahia perdeu, nesta quarta-feira, um dos mais carismáticos e importantes personagens de sua história – Orlando Fantoni, ex-técnico do Tricolor. “Titio” Fantoni, como ficou conhecido, morreu às 8h da manhã, em virtude de um enfisema pulmonar, aos 85 anos. Seu corpo foi velado e enterrado no final da tarde de hoje, no cemitério Jardim da Saudade. O conselheiro do Bahia, Paulo Maracajá, compareceu às cerimônias.

Por tudo que fez pelo clube, a notícia da morte de Fantoni consternou a todos os funcionários e dirigentes do Bahia, que lamentam o seu falecimento.

Fantoni vai ser para sempre lembrado pelo jeito como tratava seus jogadores. Era avesso ao estilo durão, da opressão e obtenção do respeito a qualquer custo. Preferia o diálogo, a intimidade. Gostava de ser amigo dos atletas e acreditava que aí estava o caminho para o sucesso e chave para as grandes conquistas. Era notório o ambiente de união e cumplicidade entre os integrantes dos planteis que orientou.

Tinha um carinho quase paternal com seus comandados, o que era recíproco. Para ele, o cargo que ocupava era uma mera formalidade. Considerava-se o chefe de uma grande família. Tanto é que os jogadores não o enxergavam como um superior, mas como um ente querido, daí o apelido – Titio.

A carreira

Orlando Fantoni nasceu no dia 13 de maio de 1917, em Belo Horizonte/MG. Começou a carreira no futebol como jogador – era centroavante dos bons. O primeiro clube foi o Cruzeiro/MG. Passou também pelo América/MG, onde aprimorou sua técnica e capacidade de balançar as redes de tal forma que despertou o interesse dos italianos da famosa Lazio de Roma, da Itália – sendo um dos primeiros brasileiros a jogar na Europa.

Após defender e fazer muito sucesso num dos maiores e tradicionais clubes europeus, Fantoni voltou ao Brasil, desta vez, para atuar no Vasco da Gama. Pendurou as chuteiras no Cruzeiro/MG.

Um apaixonado pelo esporte, Fantoni não conseguiu ficar muito tempo longe dos campos e resolveu ingressar na profissão de treinador, na década de 50. A primeira experiência foi no futebol venezuelano, onde ficou por 10 anos.

Em 1967, Fantoni aceitou o desafio de treinar o clube que o lançou – o Cruzeiro/MG. Na raposa, comandou um time recheado de craques, como Piazza e Tostão, que mais tarde conquistariam a Copa de 1970, pela seleção brasileira. Resultado? Foi Tri-Campeão Mineiro.

Treinou também América/MG e Londrina/PR, antes de seu primeiro trabalho no Nordeste, em 1974, no Náutico/PE, onde foi Campeão Pernambucano de 1975.

O Bahia

Orlando Fantoni chegou ao Bahia em 1976, contratado pelo então diretor de futebol Paulo Maracajá. Com seu carisma e jeitão de pai, conquistou a confiança de um elenco formado por estrelas do porte de Beijoca, Jorge Campos, Douglas e Jésum, levando o Tricolor ao Tetra-Campeonato Baiano em seu ano de estréia – quarto título da seqüência do histórico hepta-estadual (1973-1978).

Fantoni deu um “até breve” ao Bahia em 1977 – ano em que foi Campeão Carioca pelo Vasco da Gama. Em 1979, levantou o Gauchão, conduzindo o Grêmio/RS. Esteve ainda no Palmeiras/SP e no Corinthians/SP, antes de voltar para o Tricolor, em 1986.

Em sua segunda passagem pelo Esquadrão de Aço, Titio armou a base do time que seria Bi-Campeão Brasileiro em 1988. Fantoni lançou nomes que seriam peças-fundamentais na campanha do segundo título nacional do Bahia, como o atual técnico, Bobô, João Marcelo, Charles e Zé Carlos. Em 1986 e 1987, levou o Bahia ao Bi-Campeonato Estadual.

Fantoni se aposentou em 1989, no Vitória da Bahia. Atualmente, era micro-empresário e dava aulas para alunos de uma escolinha de futebol de um clube de Salvador, cidade que adotou como seu lar.