Bahia joga uma de suas melhores partidas no nacional, mas falhas na zaga em bolas alçadas na área determinam derrota para o líder.
Numa partida simplesmente emocionante, o Bahia acabou derrotado pelo líder do Campeonato Brasileiro, o Atlético/PR, por 6×3, nesta quinta-feira, na Arena da Baixada, em Curitiba. O tricolor começou perdendo por 2×0. Numa reação fantástica, chegou ao empate, com gols de Jean Elias, de falta, e Ramos, num belo chute de fora da área. O rubro-negro retomou a dianteira, com Kléber, mas o Bahia foi buscar novamente, com Preto, em cobrança de pênalti. O 3×3 persistiu até os 37 minutos da etapa final. Foi quando o técnico atleticano Geninho colocou o terceiro atacante, Adauto. Um minuto depois, ele desempatou, com um gol de cabeça. A partir daí, empolgado com a festa da torcida e se aproveitando de erros da defesa tricolor, o furacão conseguiu marcar mais dois tentos, com Kléber, que já tinha feito dois, e Alex Mineiro, que marcou seu segundo gol na partida.
O resultado fez do clube paranaense o primeiro classificado para a próxima fase do Brasileirão 2001. Já o Bahia está, agora, temporariamente, na 10a colocação. O tricolor espera os outros jogos da rodada, nesta quinta-feira, para saber sua posição real na competição.
O Bahia começou jogando numa postura tática que surpreendeu o adversário. Ao invés de ficar na retranca, esperando que uma oportunidade de contra-ataque aparecesse, o tricolor jogou em cima do líder do nacional. Marcando a saída de bola adversária, o time de Evaristo de Macedo encurralava o rubro-negro.
Atuando sem medo, o Bahia cria duas grandes chances de abrir o placar, ambas com Alex Alves. Na primeira, aos 19 minutos, o atacante recebeu, na pequena área, um cruzamento de Ramos, mas chutou em cima do goleiro. Na segunda, logo depois, Alex recebeu livre na área, tentou, mas não conseguiu passar por Flávio.
O Atlético não conseguia criar jogadas de ataque, só assustava o tricolor em bolas alçadas na área em cobrança bola parada – justamente a grande deficiência da defesa tricolor neste Brasileirão.
Aos 26 minutos, após escanteio da direita, Igor pôde chutar, de primeira, quase na pequena área. Só não fez o gol porque a bola bateu nas costas de Denílson. Foi um aviso. Minutos mais tarde, os cruzamentos na área do Bahia e as falhas da zaga nestes lances começariam a mudar a história da partida.
Aos 28 minutos, Adriano tabela com Alex Mineiro, e toca, de cabeça, para Kléber, também de cabeça, subir mais que Carlinhos e encobrir Emerson, fazendo 1×0.
Mesmo após o gol, a partida não mudou. O Bahia continuou dominando, tentando o empate. Porém, aos 39 minutos, a zaga voltou a bobear, permitiu que Kléber recebesse lançamento na área e ajeitasse para Alex Mineiro bater rasteiro, no canto esquerdo de Emerson, pra fazer o segundo gol do time da casa.
Aos 43 minutos, quando o primeiro tempo parecia mesmo que ia terminar em 2×0, apesar do predomínio tricolor, Preto cavou falta perto da área. Jean Elias partiu para a cobrança, “encheu o pé”, e colocou no canto direito de Flávio, à meia altura. Um golaço, num chute indefensável, o segundo gol dele de falta na competição.
No segundo tempo, o Bahia voltou determinado a empatar e até virar o jogo. Todo à frente, o tricolor dava espaço para o Atlético contra-atacar, o que deixou o jogo “lá e cá”, cheio de lances de ataque, emocionante.
O Bahia consegue segurar o furacão, se aproveita melhor das oportunidades e chega à igualdade no placar. Aos 15 minutos, Preto coloca na área em cobrança de falta. Jean Elias, de cabeça, ajeita para o meio. A zaga desvia, a bola sobra para Ramos, de fora da área, de primeira, deixar tudo igual.
Com o empate, o tricolor manteve a personalidade em campo, o mesmo padrão de jogo, buscando a virada. Porém, aos 23 minutos, Kléber invade a área, passa por Carlinhos, vai até a linha de fundo e bate cruzado, meio sem ângulo e faz mais um golaço no jogo.
A reação de Evaristo de Macedo é imediata. O treinador faz duas substituições para deixar seu time mais ofensivo – coloca o jovem, arisco e veloz atacante Kena, no lugar de Marcus Vinícius, e o meia armador Capixaba, o lugar do volante Bebeto Campos.
As substituições surtem efeito. O Bahia se torna mais veloz e ágil nas investidas ao ataque. Numa delas, aos 29 minutos, Preto é derrubado na área por Nem. Pênalti que ele mesmo cobra, para fazer seu sétimo gol no nacional.
O “Esquadrão de Aço” não se dá por satisfeito com o empate fora de casa e permanece pressionando. Aos 35 minutos, Alex Alves recebe ótimo cruzamento na área e ajeita para Preto, que chega batendo, mas o chute não pega “na veia”, sai mascado e a bola vai para fora.
Preocupado com o predomínio dos visitantes, o técnico Geninho faz uma substituição arriscada, que lhe podia custar a perda da invencibilidade de 11 jogos ou decretar a vitória de sua equipe, o que acabaria acontecendo. Aos 37 minutos, Geninho coloca Adauto no lugar do volante Cocito. O Atlético fica com três atacantes. Um minuto depois, em seu primeiro lance no jogo, Adauto mostra que ele e seu treinador têm “estrela”, se aproveita de mais uma bobeada tricolor em cruzamentos na área e faz, de cabeça, o quarto.
O tricolor sentiu o baque, depois de tanta raça e esforço para empatar a partida. Após o gol, o Bahia ficou perdido em campo. Os jogadores se desconcentraram. Já o Atlético se aproveitou das falhas e do estado emocional do adversário para construir uma goleada, em quatro minutos.
Aos 40 minutos, após um contra-golpe veloz, Kléber recebe de Alex Mineiro na área e bate de primeira, no ângulo superior esquerdo de Emerson.
Quatro minutos depois, Alex Mineiro rouba a bola da zaga na intermediária, passa por Emerson, invade a área e toca para o gol vazio.
O próximo jogo do Bahia é neste domingo, na Fonte Nova, contra o Paraná. O tricolor deve ter o retorno da dupla de ataque titular, Nonato e Robgol, que, machucados, não enfrentaram o furacão. O desfalque vai ser Ramalho, que levou o terceiro amarelo.
ATLÉTICO/PR 6 X 3 BAHIA
Local: Arena da Baixada – Curitiba/PR
Arbitragem: Wagner Tardelli (RJ)
Gols: Kléber (28/1o), Alex Mineiro (39/1o), Kléber (23/2o), Adauto (38/2o), Kléber (40/2o), Alex Mineiro (44/2o), para o Atlético; Jean Elias (43/1o), Ramos (15/2o) e Preto (31/2o), para o Bahia.
Cartões Amarelos: Nem, Alex Mineiro e Daniel, pelo Atlético; Ramalho, Ramos e Preto, pelo Bahia.
ATLÉTICO/PR:
Flávio; Alessandro, Nem, Gustavo (Daniel), Igor e Fabiano; Cocito (Adauto), Kléberson e Souza (Adriano); Kléber e Alex Mineiro.
BAHIA:
Emerson; Denílson, Carlinhos, Jean Elias e Jefferson; Ramalho, Preto, Ramos e Bebeto (Capixaba); Marcus Vinícius (Kena) e Alex Alves.