Um dos maiores ídolos da história do clube, ex-jogador se emocionou com homenagem da diretoria e torcedores.
Um dos maiores ídolos da história do Bahia, o ex-jogador Baiaco recebeu uma merecida homenagem do presidente do clube, Marcelo Guimarães, dos demais dirigentes e da torcida tricolor, na noite desta quarta-feira, no Ginásio da Sede de Praia Paulo Maracajá.
A reverência aconteceu durante a cerimônia de premiação do time de futsal do Bahia/ Com. Ramos/ Cer. Gerbi, que acabara de sagrar-se Bicampeão invicto da Taça Estado da Bahia, com um triunfo, por 5 a 2, sobre o Social Clube de São Francisco do Conde.
Funcionário da prefeitura de São Francisco, onde vive hoje, Baiaco assistia a tudo de forma tímida, sentado nas arquibancadas, quando foi “descoberto” por Marcelo Guimarães. O presidente foi até o jogador e o trouxe para a quadra, onde os dois entraram abraçados. O ídolo foi aplaudido de pé e teve seu nome gritado em coro pelos torcedores presentes ao ginásio.
“Antes de qualquer coisa, eu sou um grande fã do futebol do Baiaco. Ele foi o maior frente-de-zaga do Bahia em todos os tempos. Ficou treze anos no clube, foi titular absoluto durante dez e Hepta-Campeão Estadual. Baiaco tinha uma técnica refinada, uma garra e uma raça incomparáveis e encarnava a mística da camisa tricolor como ninguém. Um pedaço considerável e importante da história do clube está em Baiaco, que pode se considerar em casa aqui no Bahia. Por isso, ele merece essa homenagem e estou muito feliz por poder proporcioná-la”, disse o presidente Marcelo Guimarães.
Bastante emocionado com a lembrança e com o reconhecimento de dirigentes e torcedores, chorando, Baiaco agradeceu ao carinho de todos. “São momentos como esse que fazem a gente se orgulhar de ter se sacrificado tanto pelo Bahia, time que dediquei mais de dez anos da minha vida. Só tenho a dizer que estou muito feliz e alegre com essa homenagem. A emoção é como se eu tivesse conquistado mais um título com a camisa tricolor”.
Quem é Baiaco?
Edvaldo dos Santos nasceu em 7 de julho de 1949, na cidade de São Francisco do Conde, no interior do estado. Entrou para a história do futebol sob a alcunha de Baiaco, apelido dado por sua avó Masulina, quando ainda era criança, inusitadamente inspirado no peixe baiacu.
Frente-de-zaga implacável e incansável, exímio marcador, apesar de franzino, Baiaco notabilizou-se pela garra e determinação mostradas em campo e pela identidade que tinha com a torcida do Bahia, onde jogou por 13 anos (1968-1981), foi titular absoluto por 10 e ganhou 10 títulos.
Ao lado de Douglas, foi o único atleta a participar de toda a campanha da conquista do inédito Hepta-Campeonato Estadual (1973 – 1979). Foi Campeão Baiano ainda nos anos de 1970 e 1971.
Rei Barrado
Um dos fatos curiosos da carreira de Baiaco foi uma partida contra o Santos de Pelé, na Fonte Nova, em 16 de novembro de 1969. O Rei estava com 999 gols, buscando a marca história do milésimo tento. O estádio inteiro vivia a expectativa de presenciar um momento único do futebol mundial e assistir a mais um show do atleta do século. Só esqueceram de avisar isso a Baiaco.
O craque tricolor ignorou o fato de estar atuando contra o maior monstro sagrado do esporte e simplesmente anulou Pelé, com uma marcação cerrada. Insatisfeito em parar o Rei, Baiaco ainda marcou o gol do Bahia no jogo, que terminou empatado em 1 a 1.
Ao final da partida, Pelé reconheceu a grande atuação de seu algoz. “Realmente, fica muito difícil jogar com a marcação do Baiaco”.
Baiaco pendurou as chuteiras em 1981, no Leônico, e foi viver em São Francisco, onde virou nome do ginásio local, que tem um busto em sua homenagem.