Presidente Marcelo Guimarães responde ao Jornalista Jolivaldo Freitas, na coluna "Ponto de Vista", na edição desta sexta-feira, dia 22 de abril, do jornal Tribuna da Bahia.
Antes que esqueça, quero dizer que sou torcedor do Ipitanga desde criancinha. Também sou torcedor do Palmeiras da Barra, do Pirata do Mont Serrat, do São Domingos da Boa Viagem e do Casados de Itapuã. Todos melhores que o Bahia. E Jogam sem chuteiras, imagine.
Sem chuteiras, sem tradição, sem história, sem compromisso, sem títulos e sem o universo de cinco milhões de torcedores.
Meu caro Jornalista Jolivaldo Freitas, tomei a liberdade de pegar o último parágrafo da sua coluna publicada na página de esportes da edição de quarta-feira, da Tribuna da Bahia, para lhe responder, ou melhor, ajudar a lhe esclarecer. Tricolores do coração, irritam-se, protestam, escrevem, falam e cobram de um Bahia, que literalmente não conhecem, a cada derrota, a cada revés.
A diferença, meu caro jornalista Jolivaldo Freitas, está exatamente nas últimas linhas da sua coluna, onde toma a liberdade de comparar o nosso querido Bahia, a clubes, associações, entidades, que nada têm a ver com o mundo do futebol profissional, exceto, seu Ipitanga.
Vou aproveitar e transcrever parte de um texto que enviei ao seu colega, Samuel Celestino, de A Tarde, com o mesmo objetivo: falar do nosso Bahia que voces não conhecem.
É no mínimo parcial, sem querer ser agressivo, se falar da administração de Marcelo Guimarães, sem voltar a 1997, quando assumi o clube, na Segunda Divisão, com uma dívida de 14 milhões de dólares; com 137 cheques sem fundos espalhados pelo País; 103 Notas Promissórias vencidas; devendo a 98 fornecedores e prestadores de serviço; com 189 ações trabalhistas; um clube que teve, por oito meses, suas arrecadações penhoradas pela justiça, tinha apenas três jogadores profissionais; o Vitória tinha conquistado o tricampeonato baiano, a Divisão de Base do Bahia devastada, com o Vitória comemorando um hexacampeonato de juniores; não tinha crédito no mercado, com fama de mau pagador, não conseguia contratar porque os jogadores nunca recebiam o acertado, até mesmo depois da rescisão contratual.
O Bahia, meu caro Jornalista Jolivaldo Freitas, não guarda seu uniforme numa gaveta, protegido por naftalina, após a disputa de cada campeonato. O Esporte Clube Bahia custa mais de R$ 1,2 milhão por mês. Quando o time entra em campo, em quaisquer circunstâncias, atrás dele existe uma estrutura que emprega 200 funcionários, a construção de um Hotel dentro do CT do Fazendão que abriga mais de 120 garotos, com até seis refeições por dia, no Complexo Osório Villas Boas, na Rua Lourival dos Santos, que foi literalmente reconstruído, não tinha sequer muro de proteção, e hoje é um dos melhores Centros de Futebol do Brasil.
O Fazendão, que tenho certeza, você jamais visitou, teve seus campos reformados e ampliados, inclusive com a construção do Parque Esportivo Paulo Maracajá, com arquibancadas para 3.500 torcedores, proporcionando ao Bahia, a condição de poder disputar em casa os campeonatos de infantil e juvenil, pela primeira vez nos seus 74 anos de fundação, num investimento de R$ 8 milhões.
O Bahia não é time, é clube meu caro Jolivaldo Freitas. Atrás do time de futebol, existe uma sede social na Boca do Rio, que até 1997 abrigava marginais e desocupados, que foi totalmente revitalizada, com piscina olímpica, campo de grama sintética, lanchonete, restaurante panorâmico e uma parceria que viabilizou a Espetáculo, a melhor casa de shows da Bahia, o point de Salvador, custeando despesas de água, energia, impostos e salários de uma sede que vocês da imprensa identificavam como Elefante Branco.
Seu passado como torcedor do Bahia, pelo que escreveu, remonta às décadas de 70 e 80, onde em 20 Campeonatos Estaduais, o Bahia conquistou 16, contra apenas quatro do Vitória, sem esquecermos de computar o título de campeão brasileiro de 1988. O Vitória conquistou domingo passado o seu 20º título, contra 43 do Bahia, menos da metade de títulos do nosso Tricolor, que fazia o que a torcida sempre quis e quer: contratações, títulos e mais títulos, que fazem a grandeza de um clube.
O que você esqueceu meu caro jornalista, é de que enquanto o Bahia surrava seu rival, ganhava títulos, o Vitória se reformulava, investia no patrimônio, culminando com a construção do estádio Barradão. É o que temos feito meu caro jornalista. Nestes últimos sete anos estivemos voltados para a reconstrução patrimonial do Bahia, resgatando a credibilidade de um clube que tinha perdido o respeito e a honra, sem no entanto, esquecermos do futebol.
É fácil ser torcedor de futebol, que teoricamente, deveria ter o mesmo foco dos que amam o teatro, o cinema, que a exemplo do esporte, são arte, cultura e lazer. Será que você atiraria um copo, uma lata de cerveja na Fernanda Montenegro no final de uma peça que você não gostou, no Teatro Castro Alves? Ou um saco de pipocas, um copo de refrigerante, na tela do multiplex porque não gostou do filme de Cacá Diegues?
A diferença está aí meu caro jornalista. Todos são torcedores, se acham no direito de cobrar, exigir, agredir, criticar, literalmente surrar àqueles que fazem o futebol. Trouxemos o Zetti. Vamos investir na vinda de um meia. Serve o Danilo, do São Paulo? Ou o centroavante Finazzi, do América de Ribeirão Preto? Contrate que a torcida garante.
Quantos destes, que pedem, exigem, garantem que vão bancar o Bahia, vão ao estádio e pagam ingressos, compram uma camisa, pagam um pay-pe-view na tv fechada, e, o mais importante: são sócios, garantem a máquina do Bahia funcionando.
Até quando seremos obrigados a ouvir insanidades como a do outro jornalista, Nestor Mendes Jr, que jamais foi sócio do Bahia, no programa Cartão Verde, da TV Educativa, comparando o Bahia ao Real Madri, porque levamos 60 mil torcedores às arquibancadas da Fonte Nova. Verdade, com ingressos a R$ 5,00 a meia-arquibancada, contra R$ 150,00, o ingresso mais barato, no estádio Santiago Barnabéu, na Espanha. Sabe qual foi a arrecadação total Campeonato Baiano deste ano? R$ 2.077.709,00, não é nem 1% da arrecadação do Campeonato Espanhol de 2005.
O Bahia foi enfraquecido, e estamos, com os pés no chão, fortalecendo esse gigante rumo à Série A do Campeonato Brasileiro em 2006. Enquanto isso, porque não aproveita para conhecer o seu Bahia? Você é meu convidado.