Sérgio Alves justifica fama de matador, faz três, comanda virada sobre o Náutico e leva o Bahia à liderança do Nordestão.
Comandado pelo inspirado Sérgio Alves, autor de todos os gols do triunfo, o Bahia venceu o Náutico, de virada, por 3×1, neste domingo, na Fonte Nova. O resultado levou o Tricolor à liderança do Campeonato do Nordeste 2002. Os quatro gols saíram no segundo tempo. A vantagem do Esquadrão de Aço poderia ser maior, se Gilberto não defendesse um pênalti cobrado por Preto, na primeira etapa. Foi a primeira vitória de Bobô como técnico.
O Bahia volta a jogar nesta quarta-feira, contra o Sport, em Recife, e vai ter um desfalque certo – o zagueiro Jean Elias, expulso aos 30 minutos da etapa final contra o Náutico por falta violenta em Ludemar. Seu substituto deve ser Marcelo Souza, que entrou bem no jogo de hoje.
O primeiro tempo foi marcado pela lentidão e erros de passe do meio de campo tricolor, o que facilitou muito a marcação adversária. Com isso, o Bahia não conseguia chegar com velocidade no ataque, criou poucas jogadas ofensivas e irritou a torcida. O Náutico se aproveitou dos erros da equipe da casa para ameaçar o gol de Emerson em contra-ataques rápidos.
O melhor jogador da primeira etapa foi Alan, que substituiu Robgol. Apesar de ter a função de atuar como segundo atacante, Alan, um meia de origem, ia constantemente buscar jogo no meio, já que a bola não chegava na frente. Com habilidade, um bom passe, e um potente chute na perna direita, ele acabou se destacando como principal homem das jogadas ofensivas, tanto na articulação, quanto na conclusão.
E a primeira chance de gol do Bahia saiu dos pés de Alan, aos 7 minutos. Ele recebeu de Preto na entrada da área, passou por dois e chutou forte. A bola passou à esquerda de Gilberto, foi para fora, mas o lance arrancou aplausos da galera.
A resposta do Náutico veio dois minutos depois, num rápido contra-golpe. Fumaça cruzou da esquerda. Emerson saiu para interceptar, se atrapalhou e soltou a bola. Mas o goleiro se recuperou a tempo de evitar que Fábio completasse para o gol vazio.
Aos 19 minutos, o Bahia criou sua melhor oportunidade de marcar até então, numa bela triangulação. Daniel tocou para Alan que, de primeira, com a bola no ar, de calcanhar, deixou Preto cara-a-cara com Gilberto, mas o meia cabeceou para fora.
Dez minutos depois, nova assistência de Alan, desta vez para Sérgio Alves, que foi derrubado na área e o árbitro apontou penalidade máxima. Preto cobrou rasteiro, fraco, no lado direito de Gilberto, que acertou o canto e fez a defesa.
A chance perdida irritou a torcida, que passou a pedir a entrada de Capixaba, mas Bobô manteve a equipe em campo, apesar dos problemas e do frustrante 0x0 em casa.
A manutenção dos mesmos jogadores não deu resultado e quase o Bahia foi para os vestiários com a desvantagem no placar. Aos 45 minutos, Daniel cruzou para área em cobrança de falta, Emerson não conseguiu cortar e Remerson, com o gol vazio, cabeceou para fora.
Para o segundo tempo, Bobô não fez substituições, mas mudou o posicionamento de seus comandados em campo. Ramalho passou a ter mais liberdade para ajudar Chuiquinho no apoio ao ataque pela esquerda. Alan começou a atuar mais por aquele lado também. Com isso, o Bahia diversificou as investidas ofensivas e deixou de avançar somente pela direita. As mudanças táticas, somadas ao fato de Sérgio Alves ter saído da área para buscar jogo levariam o Tricolor ao triunfo.
Mas o Bahia começou a etapa final vacilando na defesa. Aos 2 minutos, Fumaça recebeu lançamento nas costas da zaga e cruzou para Ludemar fazer Náutico 1×0.
A vantagem pernambucana durou apenas até os 8 minutos, quando Sérgio Alves recebeu de Preto e chutou forte, de fora da área. A bola ainda tocou na trave antes de balançar as redes. Foi o primeiro gol de Sérgio com a camisa tricolor em jogos oficiais e o começou do show particular do atacante na partida.
Dez minutos depois, Ramalho tocou para Sérgio, na esquerda, próximo à área. Ele tirou do marcador e bateu. A bola desviou na zaga e foi morrer no cantinho direito de Gilberto, fazendo a alegria da galera tricolor.
Aos 23 minutos, foi a vez do melhor goleiro do Brasil em 2001 se redimir das falhas no primeiro tempo e praticar uma linda defesa, numa cabeçada de Ludemar, na pequena área.
Após a pausa para o brilho de Emerson, o “dono do jogo” voltou a agir, aos 26 minutos. Preto cruzou da direita, Lima tentou cortar e a bola acabou sobrando para Sérgio Alves, mostrando oportunismo, chutar no ângulo superior direito de Gilberto e fazer seu terceiro gol na tarde.
Aos 27 minutos, Capixaba entrou no lugar de Preto, que pediu para sair e foi muito aplaudido pela galera, apesar de ter perdido o pênalti. A alteração deu maior velocidade ao meio de campo do Tricolor, que quase chegou ao quarto gol na primeira jogada de Capixaba. Aos 29 minutos, ele tabelou com Alan, invadiu a área, mas chutou em cima do goleiro.
Nem a justa expulsão de Jean Elias, aos 30 minutos, após entrada violenta em Ludemar, diminuiu a supremacia do Bahia em campo. Bobô mudou o posicionamento da equipe, que adotou uma postura mais cautelosa, explorando os contra-ataques.
O Tricolor não conseguiu marcar mais um, como a galera pedia, mas também não sofreu gols, graças à uma milagrosa intervenção de Emerson aos 45 minutos, num chute de Ludemar, livre na área. Uma defesa que fez a diferença, pois foi justamente o saldo de gols levou o Bahia a terminar a segunda rodada como líder do Nordestão 2002.